Às vezes tudo pára e, por um milésimo
eu sinto a vida novamente, como quando eu era criança
O mundo se enche de um frescor,
e há alegria apenas em se olhar para fora
e ver o mundo encantado, cheio de possibilidades
E então eu me lembro que a vida não costumava ser assim,
que antes eu podia correr e encontrar exatamente o que ia buscar
Viver de imediato aquilo que sabia ser possível, dentro de mim
Sentindo cada pedaço do mundo por inteiro, e de verdade
O verde como verde, o azul como azul
O frio da água e o calor da cama
E hoje, que acontece?
De tudo, sobram só réstias de luz
E eu, ainda jovem, olho para vida com o cansaço de um velho
O que sobra em mim, da tal jovialidade,
é a esperança de um salto,
de uma revolta completa,
de um "dar se conta" que,
- a parte mais derrotada de mim sussurra -
cada dia parece mais com uma fantasia.
Quando foi que concordamos com essa condenação?
Como foi que nos deixamos convencer por essa vida-de-morte?
Por que tanta energia desperdiçada, tanta inutilidade?
Se de uma vida de futilidades
só me resta o fim resignado,
que pelo menos dure a consciência
de que todo esse circo do qual sou atração
está destinado a falência.
C.W.
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