Um espaço dedicado a toda beleza em forma de som e palavras...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Soneto da própria natureza


Depois de um encontro com as feras
Essas que dilaceram qualquer ternura
Que rasgam sem piedade a pele velha e frágil
Que mancham tudo de dor incessante

O que fica é a calmaria irônica
Essa que aflige com silêncio 
Que por dentro do dentro do dentro
É testemunha de todo o talvez estrago

Talvez porque as feras não são de todo mal
E por maior e mais brutal a violência
Seja a essência do instinto o amor

E talvez a ignorância que as despertam
- E como machuca se dar conta disso
Seja a mesma que as alimentam

T.K.

sábado, 18 de maio de 2013

To Grow Our Wings

We're fragile and sweet
Under the noise of our pace
Looking to merge into each other
To be taken by grace

Invite me to rest, friend
And cry the whole world out
So when I'm done
I'll be back to my shoes
to know what it's all about

World is so much to take
At such an early age
I'm still the young bird
Longing for the wide space

Wanderlust is my home
I wanna cook and sing
I wanna dance with you
Till we're something else
Help me grow my wings

C.W.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Irmandade

Ele tinha muitos amigos, que conquistou com o tempo
Ele tinha diversão, vida decente e até mesmo música
Ele podia ver as coisas que enchem os corações dos homens
E apontava pra elas, na esperança que eles olhassem

Ainda assim, havia algo que ele não tinha

E seu coração ansiava por isso
Mas as palavras de seu murmúrio
Eram ilegíveis para sua mente

"Que posso querer, coração meu?" - ele pensava.

E um certo dia,
depois de um daqueles infortúnios que jogam o homem de volta
às profundezas de si mesmo
Ele se deu conta

Deu boas-vindas ao seu irmão
Agradeceu seu olhar
Relaxou ao saber
Que este lhe dizia, em silêncio:
"Eu vejo o que você vê
Eu sinto o que você sente
Eu sou um pouco do que você é"

Neste dia, seu fardo se tornou um pouco mais brando
Sua angústia, um pouco mais simples
E todas as coisas acharam, mesmo que por algum tempo
Seu sentido

Ele começava a perceber, enfim
Que poderia trocar a angústia
Por amor verdadeiro
E o medo
Pelo apoio ingênuo
de uma alma real.

 C.W.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Selene

A música se espalha
Em tons azuis vitrais
Espectros de vida própria
No receptivo vazio

Criam-se brilhantes formas
Harmônicos magistrais
Cujo toque faz de minha mente
Um cristal

Límpido espírito da fluidez
Tal como a água, de sutileza além
Cerca meu corpo em harmonia
Raios de perfeição celeste
No transparente-azul, intocado

C.W.
Inspirado na música "Selene" de Michael Manring

Passarada

De peito pros ares
Asas, pra além daqui voar

De vento em cores
Canto de amores
Da terra, fogo e sal do mar

O piar manso, é pra selar o ato da vida
E quando canta, é pra soar diferença
Fazer sentir, na voz da intuição e do acaso
Pelos quatro cantos de um só ninho
Em cada ponto, fenda, fresta
Há passarada, passarinho

Em revoada, passarada
Sinto não estar sozinho
Pois meu coração é passarinheiro

Das brisas que me pairam
Em trova faço canto
E o canto me faz carinho
Trovoa no espaço os encontros
Que já voaram no meu caminho

Meu caminho é feito estrada
Trejeito em vento, passarinho
Em revoada, passarada
Sinto não estar sozinho

M.S.

domingo, 12 de maio de 2013

De vento, em vida

De vento, em vida, me criei
Das coisas que sei, só sei das coisas que sinto
Se centro e falanges, eu labirinto
Pra um dia chegar em tempo
No mundo sem lei do meu eu menino

De céu e terra, eu me fiz rei
Me embrenhei nessas matas, pra dentro do olhar
E pé ante pé, som e silêncio
Aqueci a velha fé com lenha do meu novo destino

E foi de curva, de ponte, de pedra e de aço
Meu traço, tela, tinta e descompasso
De vento em vida, eu me curvei
Na chão batido, os primeiros passos

M.S.

Deserto-me

Posso eu repousar
imerso em meu contorno
que em seu limite encontra
as des-fronteiras do universo

Devo eu desfazer-me
não restando
ante invisível e insuportável linha
que entre morte e vida
em mim se revela

Esta música ancestral
que carrega para o não-ser
até mesmo a dureza do tempo
vem para consumir toda a natureza da
forma

Posso eu repousar
e embalar-me em colossal melodia
embebido em não compreensão
transpassado pela beleza-além-perfeita?

C.W.
Quando me dei conta
já não era mais medo
Quando o meu reflexo busquei
já não havia mais forma
E diante de tudo o que sabia
nada mais era conhecido
Então, mais leve que o éter
mais sutil que um pensamento
segui até não existir
Olhei meu andar de perto
e o movimento se foi
e também a vida
e a morte.

C.W.