Um espaço dedicado a toda beleza em forma de som e palavras...
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Cala de frente a minha poesia
Acorda do meu lado amanhã
Me faz um chá, eu te faço carinho
Me ajuda a levantar, pra depois me derrubar no chão
Entrelaçamos as mãos
A tatear o mesmo caminho
Mergulha, amor, nua e sorridente
Arde a tua cor pela minha tela fria
Faz do meu verso, quente
Da minha boca, sua
E da minha promiscuidade, heresia
Cala de frente a minha poesia
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Oceanos gêmeos
São duas quedas da mesma fonte
São duas pedras
Que rolam sob o tempo, se chocam e se moldam
De vento respiram e de vida se fazem tão vivas
Dois rios perenes sob o mesmo céu
São olhos que se olham a todo instante
Passos que se encontram perto e distante
Poemas pra lembrar que somos tanto em tão pouco
São contos da floresta, leões ali da selva do jardim
São faces da pureza, te cuido e você cuida de mim
São olhos que se olham a todo instante
Passos que se encontram perto e distante
Poemas pra lembrar que somos tanto em tão pouco
Almas de mar, oceanos gêmeos
Penso que há conchas nos mares de ti, que já me pertenceram
E algumas estrelas cá do meu mar foram moldadas por você
Sabemos o que são formas, fendas, lendas, peixes
E se trocarmos de olhar
No mar ao entardecer
Saberão nossos olhos de quem são?
M.S., para meus queridos priminhos gêmeos, Lucas e Thiago. Que dominem os próprios oceanos.
São duas pedras
Que rolam sob o tempo, se chocam e se moldam
De vento respiram e de vida se fazem tão vivas
Dois rios perenes sob o mesmo céu
São olhos que se olham a todo instante
Passos que se encontram perto e distante
Poemas pra lembrar que somos tanto em tão pouco
São contos da floresta, leões ali da selva do jardim
São faces da pureza, te cuido e você cuida de mim
São olhos que se olham a todo instante
Passos que se encontram perto e distante
Poemas pra lembrar que somos tanto em tão pouco
Almas de mar, oceanos gêmeos
Penso que há conchas nos mares de ti, que já me pertenceram
E algumas estrelas cá do meu mar foram moldadas por você
Sabemos o que são formas, fendas, lendas, peixes
E se trocarmos de olhar
No mar ao entardecer
Saberão nossos olhos de quem são?
M.S., para meus queridos priminhos gêmeos, Lucas e Thiago. Que dominem os próprios oceanos.
domingo, 13 de outubro de 2013
Soltar-se...
Há tantas maneiras únicas de criar, tantas formas lindas a experimentar. Há tantas nuances esperando por nós, se nós apenas deixamos com que o natural se expresse como o natural, se nós permitimos que aquilo que é seja como é. Só que o mundo nos ensina que temos que correr e forçar todos os processos. Que temos que ter controle sobre o que fazemos, que devemos traçar estratégias e metas e dar cada passo sob medida. Ainda mais, o mundo nos diz que devemos respeito à tradição, que temos que aprender o "certo". Mas, de que adianta confinar a vida em uma garrafa? De que adianta ensinar uma criança a desenhar? O belo se faz por si próprio - e acontece em cada ser humano como um reflexo puro de si mesmo. É só quando queremos alterar nosso destino, quando negamos aquilo que mais naturalmente podemos ser, que bloqueamos e restringimos a criatividade. Cada um está sempre apto a fazer o que esteve sempre apto a fazer! Basta fazer - fazer aquilo que se quer fazer, e fazer por inteiro, sem pressa e sem controle. Não deveríamos perder um minuto de tempo sequer julgando aquilo que criamos - basta que o façamos com a alma descansada e presença. E depois, é deixar com que o infinito decida e nos mostre, por entre seus sussurros misteriosos, o propósito de nossa arte.
sábado, 12 de outubro de 2013
Ao distinto poeta
Ao distinto poeta cabe olhar o mundo, assim como olhar a si próprio.
Cabe imergir-se em questionamentos sobre a vida e a sociedade, mas cabe também recriar realidades e sensações, e cobiçar estados, intrínsecos ou não à sua existência.
Cabe alimentar seu âmago criativo à deriva do que se dispõe ao alcance da sua percepção, mas cabe também a fuga, vulgar e visceral, da própria fera linguagens adentro, na loucura ou abstração que aprouver ao chamado da floresta de si mesmo. Desse vale porém, há uma sorte das mais exuberantes às mais perigosas introspecções.
Ao poeta cabe tão bem a sinceridade e a mentira, tal que um indivíduo ao confrontar o mundo do poeta, vai fazê-lo com todos os filtros sobre verdade e mentira que já possui, e dessa forma a si moldar realidades paralelas.
Ao poeta cabe a geografia dos discursos, o calibre das ideias e a armadilha das ideologias, dificilmente saindo este ileso de cada profundo mergulho insalivar das coisas que se fazem entender sem serem ditas.
Cabe a bipolaridade dos acontecimentos, o partidarismo das dúvidas, o amargo da falsa consciência e o ferro das próprias ferraduras.
Ao poeta cabe a solidão extrema, ainda que mascarada pela consonância distante de todos os leitores com sua poesia, mesmo quando essa é sagaz na missão de influir e formalizar processos pensantes.
Cabe então ao poeta, se atar tão elementar e insuportavelmente à sua poesia, a ponto de correr o risco de não saber, a qualquer instante, de nada daquilo que escreve, pensa ou fala, ou então ser surrado pelas suas próprias palavras.
Cabe imergir-se em questionamentos sobre a vida e a sociedade, mas cabe também recriar realidades e sensações, e cobiçar estados, intrínsecos ou não à sua existência.
Cabe alimentar seu âmago criativo à deriva do que se dispõe ao alcance da sua percepção, mas cabe também a fuga, vulgar e visceral, da própria fera linguagens adentro, na loucura ou abstração que aprouver ao chamado da floresta de si mesmo. Desse vale porém, há uma sorte das mais exuberantes às mais perigosas introspecções.
Ao poeta cabe tão bem a sinceridade e a mentira, tal que um indivíduo ao confrontar o mundo do poeta, vai fazê-lo com todos os filtros sobre verdade e mentira que já possui, e dessa forma a si moldar realidades paralelas.
Ao poeta cabe a geografia dos discursos, o calibre das ideias e a armadilha das ideologias, dificilmente saindo este ileso de cada profundo mergulho insalivar das coisas que se fazem entender sem serem ditas.
Cabe a bipolaridade dos acontecimentos, o partidarismo das dúvidas, o amargo da falsa consciência e o ferro das próprias ferraduras.
Ao poeta cabe a solidão extrema, ainda que mascarada pela consonância distante de todos os leitores com sua poesia, mesmo quando essa é sagaz na missão de influir e formalizar processos pensantes.
Cabe então ao poeta, se atar tão elementar e insuportavelmente à sua poesia, a ponto de correr o risco de não saber, a qualquer instante, de nada daquilo que escreve, pensa ou fala, ou então ser surrado pelas suas próprias palavras.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Palavras quaisquer sobre amor demais, tempo, linguagens e velharias sem muito uso prático
Minha amada! Meu amor em solidez, meu caminho, destino, porto e barco para as terras além mar do sublime existir! Meu espelho, minha musa e minha sina, meu destino em hino eterno da felicidade!
Quereis você realmente matar-me, e ao homem que se resignaste conceder tão profundo mergulho nas ideias que me assolam e me afirmam, apenas por vê-la perdida em meus lençois, e assim inibir-me com medo que o rouxinol cante e em pranto e que o doce canto da madrugada se esvaia por entre teus lábios, teu respiro e o som do silêncio?
Seria eu realmente um joguete desse destino, um refém algoz dos olhos da esfinge do tempo, um Ulisses de Homero, preso ao manto do mar de me perder em você e me afogar no teu corpo, para morrer na solidão do tempo eterno sem ti?
Morrer afogado então seria melhor, se ao visitar os salões do senhor das águas, fortificado fosse pelo canto da mais doce sereia de ambas as dimensões e alegorias que o ser criador foi capaz de traquinar.
Me entregar ao pecado seria doce, seria sublime, seria dança e seria rito selvagem, seria e tão é mais que inócuas palavras fúteis de um mero menestrel, de um arlequim sem pierrô e colombina, de uma cotovia sem amores para acordar, de olhos sem cores a quem sorrir.
Reinventaria a poesia lirica e repudiaria Shakespeare se ambos pudessem domar os caminhos da história somente para que hoje eu reinasse, não nos campos da poesia, mas apenas em tua cama que seria nosso leito e alimento eterno.
Meus heróis então morreriam em paz, conquistando a compreensão de sentido da vida no seu próprio ser, e minha comédia também morreria em virtude do romance real, tintado em sangue de minhas veias, grafado em giros pelo teu corpo. Pergaminho seria a vida em metáfora, nossas existências a areia que seca a tinta e perpetua o ato escrito, e o sopro da natureza levaria essa areia então novamente a terra de onde vieste, o pergaminho ás traças e as palavras soberanas reinariam no mundo das ideias de Platão.
Sócrates seria incapaz de questionar nosso haver, e Alexandre seria pequeno diante das nossas muralhas de portões escancarados. Marlowe sem dúvida pintaria os Versos Brancos só para ver William sorrir, e Heitor sobreviveria para ver Astíanax crescer.
Eu caminharia pelas ruas de Curitiba com a certeza da loucura, com o doce amor nos lábios a sorrir para o português sacana da padaria e para o malabarista no sinal.
Cruzaria o largo e sentaria nos bancos ao lado do Babão.
Olharia a menina de vestido cacau caju laranja de bicicleta, a cachorro sentado á porta da igreja, os tantos e inimagináveis artistas anônimos saindo do Cine Luz, com o mais feliz que a vida pode oferecer. Janelas abertas, crianças paradas e abobadas vendo a geada de manhãzinha,e depois correndo pelo feira e ouvindo o chorinho da roda do meio dia. Lembraria do cheiro que lembra a lembrança da minha infância e a gata que um dia bebia um chope escuro e ia sumindo pelas ruas, para nunca mais voltar.
Pegaria esse caderno velho, essa caneta quase vazia, essa mão cansada e essa literatura barata e não precisaria escrever mais nada. E nem você.
ps. foda-se para a ortografia
terça-feira, 8 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Epopéia do interior
Vai-te de casa tão cedo
Arranca-te esse amargo do peito
Pois de amargo já teu âmago está cheio
Na esquina o bom cachorro vai
Latir pra te alcançar o som
Verdade vai te acompanhar
Na pátria aquele velho dom de acreditar na invenção
Reinventar as veredas pra se ter chão
Na árvore a beira do rio
Onde deixou escrito o teu amor
Lava nas pedras de correr no leito dos teus ancestrais
As dores que são tão só e suas
As dores que são somente suas
Lembrança é sempre um bom lugar
Saudade é lança de ferrão
No peito o santo pra guiar
De pranto a fé de benção, vai com deus
Segue feito um brado em epopéia de Camões
Pra recriar o herói em ti
Agora tens o dom do ventos
Vai voar
Vai-te tão cedo.
M.S., para meu querido pai.
Arranca-te esse amargo do peito
Pois de amargo já teu âmago está cheio
Na esquina o bom cachorro vai
Latir pra te alcançar o som
Verdade vai te acompanhar
Na pátria aquele velho dom de acreditar na invenção
Reinventar as veredas pra se ter chão
Na árvore a beira do rio
Onde deixou escrito o teu amor
Lava nas pedras de correr no leito dos teus ancestrais
As dores que são tão só e suas
As dores que são somente suas
Lembrança é sempre um bom lugar
Saudade é lança de ferrão
No peito o santo pra guiar
De pranto a fé de benção, vai com deus
Segue feito um brado em epopéia de Camões
Pra recriar o herói em ti
Agora tens o dom do ventos
Vai voar
Vai-te tão cedo.
M.S., para meu querido pai.
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