Um espaço dedicado a toda beleza em forma de som e palavras...

domingo, 28 de julho de 2013

Coisas que sinto

Pode ser que eu esteja errado
Mas quando abro os olhos de manhã, sinto que o brilho do meu dia é tão mais claro, iluminado pelos sonhos de você, reais e tão puros
Sonhos onde te leio em livros
Onde encosto minhas mãos nas páginas, e as palavras se desprendem do papel e penetram em minha pele
Transbordam os lagos de poesia que nasceram de você
Curam as feridas de se calar por algo que não pode ser dito com palavras
Trazem força e crença às minhas sarjetas, aos meus cantos não tão bem frequentados

Pode ser que eu esteja errado
Mas sinto que o tempo, a cada dia, me ensina que respirar é preciso
E, cansado de tantas mentiras, a cada inspiração procuro a verdade que me habita
E é quanto eu te encontro novamente
Sorriso, carinhos, calor
Não há razões, convicções demais, dúvidas eternas, erros
É só um bem querer, mãos entrelaçadas e vidas que se olham

Pode ser que eu esteja errado
mas tenho a impressão de que ocupamos oceanos gêmeos
Pertencemos às mesmas águas
Penso que há conchas nos mares de ti que já me pertenceram
E que algumas estrelas de meu mar foram moldadas por você
Conhecemos o que são formas, fendas, peixes, lendas e barcos
E  se teus olhos, ao entardecer, olharem a superfície de águas cristalinas dos nossos oceanos, saberão eles onde exatamente se tocam céu e mar?

Pode ser que eu esteja tão errado quanto o de costume
Mas pode ser que eu esteja tão certo quanto acredito
Brinco de esconde no campo das incertezas
Nítido e abstrato, continua queimando
Tateando o que não se pode ver e refazendo o que se extingue
Sempre tão errado
Sempre tão certo
Sempre tão sentido

M.S.
com a ajuda do disco "X&Y", Coldplay.

Tudo de ti em mim

De tudo que é verdade em mim
O verde de você, vem de vento, vem
Veraneio tem

De tudo que é certeza em mim
Teus rios vêm me dizer, silhuetas, trem
Poesias, bem

E tudo que em ti me cala, é porque fala tanto
Tudo que eu quero ouvir, sei que vem de você
E tudo que em ti me cala é porque fala tanto
Tudo de ti em mim

Teus passos, tuas ondas
Teus mares, recomeço
Pra tudo que é sertão eu me arrefeço

Teus traços, tuas pontas
Me enlaço em teus cabelos
Pra tudo que é inverno eu me aqueço

E tudo que em ti me cala, é porque fala tanto
Tudo que eu quero ouvir, sei que vem de você
E tudo que em ti me cala é porque fala tanto
Tudo de ti em mim

terça-feira, 23 de julho de 2013

Para onde vamos?

Para onde vamos, amor, quando um caminho de pedra termina num campo aberto sem trilhas?
Quando perdemos os olhos de gavião e viramos caça?
Para onde vão os sonhos quando os realizamos?
Para onde vai o amor, quando temos medo de abraça-lo?
Para onde vai o medo das palavras que me calam, quando grito?

Para onde vai o sangue que escorre do meu peito nu quando rasgo-o com minhas garras cruas, só pra te submergir no meu centro e te confrontar, real, com a minha fantasia?

Para onde vão as tartarugas quando o oceano estende seu chamado e abre as portas dos salões submersos, onde habitam sereias que tocam harpas e cantam na língua dos pássaros?

Para onde vamos, amor, quando a verdade que flui nos nossos olhos, ossos, poços, rostos, poros, nos abandona em busca de suas próprias verdades?
Para onde vai a pressa quando correr te machuca?
Para onde vai a certeza quando um milagre acontece?

Para onde vamos, amor, seguindo pegadas com formas que não correspondem aos nossos pés?
Para onde vai o que é mecânico? Os robôs, os parafusos, o lixo e o luxo, a falsa magia e o circo dos horrores, o que decompõe, depõe, dispõe, deserta, ecoa, lustra, acoberta, carapuça, peça?
Para onde vai o aço dos nossos atos obscenos, o ferro das nossas ferraduras, a cola do adesivo de nossas vidas?

Para onde vamos, amor, quando sentirmos não pertencer mais a este lugar?
Para onde vai o pó, o que é pequeno, o que murcha, broxa, contradiz, por um triz, triste e jamais feliz?
Para onde vai quem perde, quem é sozinho, quem é senhor das chamas de si, das cinzas de lembranças coloridas, das bençãos cuspidas, quem é vapor, veneno, vento negro, vociferante de palavras fúteis?

Para onde vamos, amor, quando chegar o dia? Aonde vamos daqui?
Para onde vão nossas canções que morrem no ar, minhas mãos que tremem ao te tocar?
Para onde vão as palavras não e sim, o teu céu em mim e meu inferno que em ti reside, a simetria em duas coisas diferentes, as armadilhas de um tempo que não existe?

Tempo, tento, tato, tenho, tudo bem.
Para onde vamos, não há lugar para tantas perguntas. Escrevo esse réquiem em palavras que vamos nos esquecer, mas carrego pra sempre a memória em melodia das coisas que acredito.
Te espero lá fora.
Pra onde vamos?


M.S.
com a ajuda do disco "The Temper Trap", The Temper Trap.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Céu de ti em mim

Te vejo dançando num céu de ti em mim
e você flutua como uma nuvem.
A brincadeira é sempre a mesma, tentar descobrir tua forma
Tentar ligar os pontos, pontas de você
Traço dos teus pés, teus passos
Tentar te tocar

Você flutua em movimentos circulares
Tornado, marcada, feroz
Teus braços tragam o mundo
E os dedos apontam estrelas que talvez não existam mais
Pois de tempo, não sei do teu tempo
Gostaria de tocá-la, seguir tua silhueta, me perder
Amansar o medo e a dor da minha criatura

Você flutua, e eu te respiro
Inspiro profundo, e te solto contra a minha vontade, com medo que o ar que tu teces se torne mar a me afogar
Pois em cada gota d'água há um segredo, e tenho medo das coisas que não conheço

Te vejo dançando no escuro
Você sorri
Você flutua
A escuridão ao teu redor se rende, absorta em cores que nunca conheceu
Pois você inventa cores sem ser chamada
Inventa tons, tímida, tão doce
Se há escuro em ti, é aquele escuro dos olhos se fechando antes de dormir
Que pode se transformar em qualquer coisa, mas que também pode se render ao sono quando lhe aprouver.

Te vejo riscando um espelho d'água
Trespassando sonhos profundos, se esticando para alcançar uma superfície
Céu ou chão? Acho que não importa
Tens uma solidez que não pede explicação
Teu movimento só poderia ser descrito por palavras que não existem
Teus pés não conhecem a prisão da gravidade

Te vejo dançando no meu céu
De cores que não sei nomear
De segredos que tenho medo
De estrelas que nem sei se existem
De tempos que não sei contar
De formas que gostam de brincar
Um céu de ti e mim


M.S.
com a ajuda do disco 'For Emma, Forever Ago', Bon Iver.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Janela do tempo

Para os dias de frio e de chuva, uma bebida quente. Para os dias amargos e tristes, amor de mãe. Para os dias de insonia, estrelas. Para os dias de dor, renovar. Para os dias felizes, uma boa memória. Para os dias de domingo, cinema francês. Para os dias loucos, um pouco de lucidez. Para os dias de infância, leite ninho com coca-cola. Para os dias escuros, cama à dois. Para dias sensíveis, doces. Para os dias de tédio, paixões, para todos os dias amores. Para os dias tranquilos, literatura. Para os dias promíscuos, um pouco de pinga pura. Para os dias quentes, rede, sede, sorvete. Para os dias de sol, flores. Para os dias de sombra, água fresca. Para os dias frescos, paciência. Para os dias de sorte, magia. Para os dias que vivo, se doar a vida. Para os dias duros, banho quente. Para os velhos dias, jeans e camiseta. Para o dia D, coragem. Para os dias épicos, alma. Para um dia deserto, miragens. Para o dia de seu nome, bolo. Para um dia que demore, tempo. Para um dia cinza, cores. Para todos os dias, amores.

M.S.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

El viento de verano

No deseo me quedar el año todo
Vengo de ningún lugar
Aún que solo sea
Siento sus besos sin ni preguntar

Mis alas, para llegar a la tuya ventana
Mis ojos, para mirarte todas las mañanas
En los árboles, me quedo esperando tuya primavera
Descanso en el silencio que me gobierna

Soy tranquilo, soy verano, me llamo viento

Hola, me llamo viento
En el verano me caliento
Mis pasos son inaudibles
Pero siento cada sonrisa, son brisas
Para llevar mi amor hasta tus sentidos, sonidos, un abrigo

Soy tranquilo, soy verano, me llamo viento

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sons e palavras

As palavras me permitem ser tudo aquilo que não posso viver
Os sons transfiguram a fantasia em realidade

Palavras, das quais me alimento e sou devorado
E sons, pra deixar a dor do silêncio ir embora

Palavras com a esperança de que sejam entendidas por alguém, mesmo longe, mesmo impossível
Sons, pra que meu pranto e meu riso chovam e fecundem tua terra nua

Palavras que escrevo para aquecer o teu frio
Sons que esparramo para afagar a distância
Palavras que escrevo para preencher o meu vazio
Silêncio para procurar as palavras certas

Palavras, que não me deixam esquecer, mas que tornam a compreensão menos dolorida
E o silêncio, pra pensar, e pensar

Palavras, para agredir a todos, a ninguém
Sons, que me trituram e me servem numa bandeja

Palavras, no final das contas, porque preciso delas
E os sons, porque não posso fugir.

M.S.

Shortage

Loving
Loving
Loving
Loving

And not making
Not making
Not making
Not making

Not crossing
not crossing
not crossing
not crossing

the line.

C.W.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Pra ser leve

Palavra certa
na hora boa
faz do sujeito
gente da gente

Gesto sincero
pra gente que é gente
faz do mundo (que é mundo)
belo - e que belo!

Riso é das entranhas
E desamarra
desenrola
desentope...
É dos homens
como o uivar é dos lobos
como o grunhir é das feras

Abraço apertado
pra amigo bom
faz de dois corações
uma só coisa

A importância é da mente
E amarra
Enrola
Entope...
É dos homens, e só daqueles
que querem uivar como lobos
e grunhir feito feras

C.W.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Não procuro perfeição

Fórmica, lógica, poética
E outras constantes do meu ser
Precisam de você

Orbita, habitat, genética
E outras tangentes do meu ser
Se justificam em você

Ótica, porque toda a minha estética é a tua
Prática, praticamente não precisa
Pois não procuro perfeição

Fórmula, mágica, magnética
E outros segredos do teu ser
Dos quais preciso conhecer

Ótima, enfática, perplexa
E outros trejeitos do teu ser
Os quais, vitais pro meu haver

Tácita, o teu silêncio subintende o meu sorriso
Tônica, os meus ponteiros mostram sempre o teu sentido
Láctea, as minhas veias são as vias da tua rua
Prática?
Praticamente não precisa, pois não procuro perfeição

M.S.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Em Terra Assim

Ele acertou seu passo e depois disse adeus
Ele cruzou o espaço até fugir do mundo
Será que se perdeu
e desapareceu de nós
estamos sós
sem sua visão?

Ele mirou em setas antes esquecidas
E se guiou pelas canções já não tocadas
Ele ignora o que o silêncio proibiu
Que é que terá visto nessa vastidão
que lhe valeu tamanho adeus
e tanta fé

Será que ele sofre?
Será que voa?

Será que devo também partir sem hesitar
Não mais que meu próprio calor pra me guiar

Em terras de pouca paz
Onde o canto já se esvaiu
O cantar daqueles
que do coração abriram seu melhor

Nesta terra eu vou sem hesitar
Para o calor dos braços de quem me abraçar

Nos tempos de lutas
entre homens e seus papéis
Onde o canto se conhece
Pelos que voz não tem
Em terra assim
Em tempo assim

Ele seguiu sem hesitar
Não mais que seu próprio calor pra lhe guiar

C.W.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Sonhos não envelhecem

Nas páginas de um livro de história
Em trilhos de trem
Eu vou viver, por inteiro

Na dura e amarga memória
Na morte de um
Eu vou viver, por inteiro

Nos sonhos que não envelhecem
No estouro, tão pronto estilhaço
Na força do medo que cresce
Teus cabelos que desembaraço

Pela ferrugem e pela estrela
Pela estrada eu vou viver
Pela ponta da espada, eu vou viver, por inteiro

Nas ruas e vias, na voz dos desesperados
Eu vou viver por inteiro
Nos cantos de guerra em canções esquecidas
Eu vou viver por inteiro

Nos lábios que cantam a prece
Num doce e instante abraço
Às vistas de qualquer milagre
Nos santos da fé que refaço

Pela ferrugem e pela estrela
Pela estrada eu vou viver
Pela ponta da espada, eu vou viver, por inteiro

M.S.

domingo, 7 de julho de 2013

O mestre das águas

Um verde-escuro, cor de breu
Travessa na areia, quebrando a barra
As ondas beijando o mestre das águas


Em coração de mar, amor é travessia
Lava no sal a ferida de sangue
Milagre pra gente desconhecida


Face de pedra, de faca e ferrugem
Entalhando no olhar, as montanhas que chegam no mar
Todo dia, de vento em vida
Fazer o amor crescer
Fazer o amor vencer


Olhar de quem sonha acordado
Navega em dois leitos, saveiro
Rio doce e mar salgado
Estrada de água e caminho de aço
Se eu choro hoje, é pelo teu mar
Pelas palmas da tua mão em prece
Fazer o amor crescer
Fazer o amor vencer

M.S.

sábado, 6 de julho de 2013

Amizades

Balões no céu
Luzes noturnas
Jovens olhares
Seres alados
De outro planeta
Nossas promessas

Risos e falas
Além da conta
Além do horário
Tudo está certo
Derrotados que somos
Pelo brilho dos sonhos

Vista pra rua
Carro amigável
Foge do frio
Foge do tédio
Risos e falas
Tudo está bem

Encontros são
Como a vida sutil
Que se passa
Entre um pensamento
e outro
E outro dentro
de um
e outro
e do outro.

Assim.

C.W.