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terça-feira, 23 de julho de 2013

Para onde vamos?

Para onde vamos, amor, quando um caminho de pedra termina num campo aberto sem trilhas?
Quando perdemos os olhos de gavião e viramos caça?
Para onde vão os sonhos quando os realizamos?
Para onde vai o amor, quando temos medo de abraça-lo?
Para onde vai o medo das palavras que me calam, quando grito?

Para onde vai o sangue que escorre do meu peito nu quando rasgo-o com minhas garras cruas, só pra te submergir no meu centro e te confrontar, real, com a minha fantasia?

Para onde vão as tartarugas quando o oceano estende seu chamado e abre as portas dos salões submersos, onde habitam sereias que tocam harpas e cantam na língua dos pássaros?

Para onde vamos, amor, quando a verdade que flui nos nossos olhos, ossos, poços, rostos, poros, nos abandona em busca de suas próprias verdades?
Para onde vai a pressa quando correr te machuca?
Para onde vai a certeza quando um milagre acontece?

Para onde vamos, amor, seguindo pegadas com formas que não correspondem aos nossos pés?
Para onde vai o que é mecânico? Os robôs, os parafusos, o lixo e o luxo, a falsa magia e o circo dos horrores, o que decompõe, depõe, dispõe, deserta, ecoa, lustra, acoberta, carapuça, peça?
Para onde vai o aço dos nossos atos obscenos, o ferro das nossas ferraduras, a cola do adesivo de nossas vidas?

Para onde vamos, amor, quando sentirmos não pertencer mais a este lugar?
Para onde vai o pó, o que é pequeno, o que murcha, broxa, contradiz, por um triz, triste e jamais feliz?
Para onde vai quem perde, quem é sozinho, quem é senhor das chamas de si, das cinzas de lembranças coloridas, das bençãos cuspidas, quem é vapor, veneno, vento negro, vociferante de palavras fúteis?

Para onde vamos, amor, quando chegar o dia? Aonde vamos daqui?
Para onde vão nossas canções que morrem no ar, minhas mãos que tremem ao te tocar?
Para onde vão as palavras não e sim, o teu céu em mim e meu inferno que em ti reside, a simetria em duas coisas diferentes, as armadilhas de um tempo que não existe?

Tempo, tento, tato, tenho, tudo bem.
Para onde vamos, não há lugar para tantas perguntas. Escrevo esse réquiem em palavras que vamos nos esquecer, mas carrego pra sempre a memória em melodia das coisas que acredito.
Te espero lá fora.
Pra onde vamos?


M.S.
com a ajuda do disco "The Temper Trap", The Temper Trap.

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