As palavras me permitem ser tudo aquilo que não posso viver
Os sons transfiguram a fantasia em realidade
Palavras, das quais me alimento e sou devorado
E sons, pra deixar a dor do silêncio ir embora
Palavras com a esperança de que sejam entendidas por alguém, mesmo longe, mesmo impossível
Sons, pra que meu pranto e meu riso chovam e fecundem tua terra nua
Palavras que escrevo para aquecer o teu frio
Sons que esparramo para afagar a distância
Palavras que escrevo para preencher o meu vazio
Silêncio para procurar as palavras certas
Palavras, que não me deixam esquecer, mas que tornam a compreensão menos dolorida
E o silêncio, pra pensar, e pensar
Palavras, para agredir a todos, a ninguém
Sons, que me trituram e me servem numa bandeja
Palavras, no final das contas, porque preciso delas
E os sons, porque não posso fugir.
M.S.
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