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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Palavras quaisquer sobre amor demais, tempo, linguagens e velharias sem muito uso prático


Minha amada! Meu amor em solidez, meu caminho, destino, porto e barco para as terras além mar do sublime existir! Meu espelho, minha musa e minha sina, meu destino em hino eterno da felicidade!
Quereis você realmente matar-me, e ao homem que se resignaste conceder tão profundo mergulho nas ideias que me assolam e me afirmam, apenas por vê-la perdida em meus lençois, e assim inibir-me com medo que o rouxinol cante e em pranto  e que o doce canto da madrugada se esvaia por entre teus lábios, teu respiro e o som do silêncio?
Seria eu realmente um joguete desse destino, um refém algoz dos olhos da esfinge do tempo, um Ulisses de Homero, preso ao manto do mar de me perder em você e me afogar no teu corpo, para morrer na solidão do tempo eterno sem ti?
Morrer afogado então seria melhor, se ao visitar os salões do senhor das águas, fortificado fosse pelo canto da mais doce sereia de ambas as dimensões e alegorias que o ser criador foi capaz de traquinar.
Me entregar ao pecado seria doce, seria sublime, seria dança e seria rito selvagem, seria e tão é mais que inócuas palavras fúteis de um mero menestrel, de um arlequim sem pierrô e colombina, de uma cotovia sem amores para acordar, de olhos sem cores a quem sorrir.
Reinventaria a poesia lirica e repudiaria Shakespeare se ambos pudessem domar os caminhos da história somente para que hoje eu reinasse, não nos campos da poesia, mas apenas em tua cama que seria nosso leito e alimento eterno.
Meus heróis então morreriam em paz, conquistando a compreensão de sentido da vida no seu próprio ser, e minha comédia também morreria em virtude do romance real, tintado em sangue de minhas veias, grafado em giros pelo teu corpo. Pergaminho seria a vida em metáfora, nossas existências a areia que seca a tinta e perpetua o ato escrito, e o sopro da natureza levaria essa areia então novamente a terra de onde vieste, o pergaminho ás traças e as palavras soberanas reinariam no mundo das ideias de Platão.
Sócrates seria incapaz de questionar nosso haver, e Alexandre seria pequeno diante das nossas muralhas de portões escancarados. Marlowe sem dúvida pintaria os Versos Brancos só para ver William sorrir, e Heitor sobreviveria para ver Astíanax crescer.

Eu caminharia pelas ruas de Curitiba com a certeza da loucura, com o doce amor nos lábios a sorrir para o português sacana da padaria e para o malabarista no sinal.
Cruzaria o largo e sentaria nos bancos ao lado do Babão.
Olharia a menina de vestido cacau caju laranja de bicicleta, a cachorro sentado á porta da igreja, os tantos e inimagináveis artistas anônimos saindo do Cine Luz, com o mais feliz que a vida pode oferecer. Janelas abertas, crianças paradas e abobadas vendo a geada de manhãzinha,e depois correndo pelo feira e ouvindo o chorinho da roda do meio dia.  Lembraria do cheiro que lembra a lembrança da minha infância e a gata que um dia bebia um chope escuro e ia sumindo pelas ruas, para nunca mais voltar.
Pegaria esse caderno velho, essa caneta quase vazia, essa mão cansada e essa literatura barata e não precisaria escrever mais nada. E nem você.




ps. foda-se para a ortografia

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